O Sangramento Uterino Anormal (SUA), agudo ou crônico, é definido como o sangramento proveniente do corpo uterino, com anormalidade, seja na sua regularidade, no volume, na frequência ou duração, em mulheres que não estão grávidas.
É uma afecção frequente que pode afetar negativamente aspectos físicos, emocionais, sexuais e profissionais, piorando a qualidade de vida das mulheres.
Estima-se que pelo menos 40% das mulheres no Brasil sofram desse problema.
Em muitos casos a ajuda médica não é solicitada por ser considerado apenas uma menstruação intensa. Mas o sangramento uterino anormal pode ser um problema de saúde e como tal deve ser corretamente diagnosticado e tratado.
Além do desconforto físico, o sangramento uterino pode desencadear ou ser a causa de inúmeras doenças, comprometendo a qualidade de vida ou ainda evoluindo para problemas mais sérios como anemia. Apesar disso, o diagnóstico é simples e o tratamento costuma ser eficaz.
Vamos saber mais detalhes sobre como enfrentar esse problema no texto a seguir.
Menstruação ou sangramento uterino: como diferenciar?
Embora a mulher perceba que algo está fora da rotina com seu corpo, nem sempre é simples detectar o sangramento uterino anormal. Muitas mulheres confundem-no com uma menstruação intensa e persistente e acabam ignorando os sinais de que um problema de saúde já se instalou em seu organismo.
Vejamos logo a seguir alguns fatores que indicam a presença de um quadro de sangramento uterino anormal: DURAÇÃO, FREQUÊNCIA OU QUANTIDADE!
· Sangramento de modo irregular que ocorrem fora dos ciclos menstruais. Ou seja, entre o início e o final dos ciclos menstruais a mulher observa a presença de um sangramento incomum.
· Perda de sangue igual ou maior que 90 ml de sangue, ou menstruação sistemática com duração maior que 7 dias.
· Sangramento menstrual que ocorre em um período menor que 21 dias (conhecido também como polimenorreia).
Existem ainda outros sinais bastante incômodos que podem indicar o sangramento uterino anormal, por exemplo:
· Necessidade de usar dois absorventes (interno e externo) ao mesmo tempo, para ter mais proteção e sentir-se segura no dia-a-dia.
· Trocar o absorvente a cada 2 ou 3 horas
· Roupas manchadas devido ao fluxo intenso
· Necessidade de levantar regularmente durante a noite para trocar o absorvente
· E até mesmo a necessidade de dormir com uma toalha sob o corpo, porque tem medo de sujar os lençóis
O mais importante é estar atenta aos sinais do seu corpo. Observe com atenção seu ciclo menstrual e não se sinta constrangida em procurar ajuda médica. Inclusive, no site Sua Não é Normal, você pode realizar um teste simples, que ajuda a identificar o sangramento anormal. Diante de qualquer suspeita ou alteração é fundamental consultar seu médico ginecologista e realizar os exames recomendados por ele.
Principais complicações causadas pelo sangramento uterino
O sangramento uterino anormal pode desencadear diversas complicações de saúde, por isso o quadro merece toda a atenção e cuidado. Vamos saber mais sobre o assunto:
Anemia
A perda sistemática de sangue pode causar anemia. Esta ocorre quando o organismo não consegue repor o sangue perdido pelo sangramento uterino anormal e a quantidade de ferro acaba diminuindo. Isso leva a uma queda nos glóbulos vermelhos e a uma série de complicações que podem ser graves para a saúde.
Embora persistente, o sangramento uterino anormal, para algumas mulheres, pode ser pequeno, o que cria a falsa ideia de que não é nada sério. Mas a perda sistemática de sangue durante muito tempo poderá criar um desequilíbrio fisiológico.
Os quadros de anemia podem evoluir para deficiência grave de nutrientes, causando ainda fadiga, tontura, falta de concentração e outros sintomas muito desconfortáveis.
Cólicas
Tecnicamente conhecidas como dismenorreias, as cólicas uterinas causam enorme desconforto e prejudicam diretamente a qualidade de vida de milhões de mulheres no mundo inteiro. Nos casos de sangramento uterino anormal as cólicas podem ser mais frequentes, se estendendo para além do período menstrual.
Algumas mulheres podem sentir cólicas realmente intensas, que acabam refletindo no abdômen e também nas costas. Essa situação de dor permanente desencadeia uma série de problemas como perda da qualidade do sono, perda da capacidade de concentração, além de comprometer a qualidade da vida sexual e social da mulher.
A mulher que sofre de sangramento uterino normalmente se sente muito insegura de realizar diversas atividades. Ao contrário da menstruação, que ocorre num período mais ou menos fixo e num fluxo quase sempre previsível, o sangramento uterino anormal pode se estender por dias e de modo irregular.
Assim, muitas mulheres deixam de praticar esportes, usar roupas brancas ou são obrigadas a trocar diversas vezes o absorvente íntimo. Isso também prejudica enormemente a vida sexual, causando constrangimento e também dor física durante o ato sexual. O sangramento uterino pode ainda indicar outros problemas de saúde mais severos, como veremos ao longo do texto.
Principais causas do sangramento uterino
Podemos dividir a ocorrência do sangramento uterino em dois tipos básicos de causas:
· Causas estruturais (lesões ou alterações no útero)
· Causas não estruturais (relacionadas a outros fatores, nem sempre uterinos).
Vamos saber mais sobre os temas:
Causas estruturais
Como o nome já diz, são causas que se referem a estrutura do útero, seu funcionamento e demais questões. São lesões, alterações ou disfunções na estrutura do útero ou em suas paredes, que demandam um cuidado especial e a necessidade de exames de imagem ou biópsias para serem diagnosticados.
Listamos a seguir apenas algumas das principais causas de sangramento uterino dessa categoria.
Pólipos endometriais
Se trata da presença de glândulas endometriais que crescem de modo anormal dentro da parede interna do útero, dentro da cavidade uterina. Podem ser representados por pequenos caroços ao longo do tecido.
Os pólipos são a principal causa de sangramento uterino anormal e na maioria dos casos são benignos e de fácil tratamento. É essencial a realização de exames clínicos para detectar eventuais tecidos malignos que podem levar ao câncer ou outras complicações. O exame de ultrassom transvaginal também é altamente recomendado para um diagnóstico mais eficaz.
Adenomiose
A adenomiose é definida como a presença do endométrio (camada que reveste a superfície interna do útero) no interior do miométrio, deixando o útero grande, podendo dar sintomas como aumento de sangramento, sensação de peso e dores. Esta alteração não é grave e é facilmente diagnosticada através de ultrassom transvaginal ou de ressonância magnética da pelve.
Leiomioma
Leiomiomas uterinos, muito conhecidos também como miomas, são tumores benignos que se desenvolvem nas células musculares do útero. Acredita-se que pelo menos 50% das mulheres sofram desse problema e muitas vezes nem sabem. Na maioria das vezes os leiomiomas são descobertos em exames de rotina.
São classificados de acordo com a sua localização e podem causar dores e desconfortos pélvicos, além do sangramento, que pode ser bastante forte e acompanhado de cólicas. Os miomas são mais comuns em mulheres em idade superior a 35 anos.
Mulheres negras ou acima do peso também possuem maior incidência da doença. Outro fator de risco são as condições genéticas. Se alguma mulher de sua família já teve miomas há mais chances de que você também tenha.
Dependendo da localização e do tamanho do mioma, este pode ter alguma relação direta com infertilidade ou dificuldade de engravidar. Pode ser também que a paciente tenha complicações durante a gestação. Em alguns casos os miomas podem vir a causar aborto ou parto prematuro.
Neste caso, os exames de imagem, especialmente a ultrassonografia, são bastante úteis para o correto diagnóstico, podendo detalhar qual o tipo de leiomioma, qual seu tamanho e localização dentro do útero.
Câncer
Existem locais diferentes de câncer relacionado ao útero: câncer do colo uterino, câncer de útero e o câncer de endométrio. Os três podem ser causa de sangramento uterino anormal.
O câncer do colo do útero ocorre em pacientes mais jovens, o principal agente causador é o vírus HPV e o diagnóstico geralmente é feito através do preventivo (Papanicolau) durante as consultas de rotina no ginecologista.
Há um forte fator genético quando falamos de câncer no útero. É essencial fazer o acompanhamento e, caso existam casos desse tipo de doença em sua família, a atenção deverá ser redobrada.
No caso de câncer de endométrio, sua ocorrência é mais frequente em mulheres mais velhas, com aumento de peso e já na fase da menopausa. Em ambos os casos é fundamental realizar uma série de exames, incluído ultrassonografia e outros exames de imagem.
Causas não estruturais
Aqui temos o segundo tipo de causas que disparam o surgimento do sangramento uterino, elementos externos que colaboram para esse quadro clínico. Há uma grande variedade de situações, portanto somente o médico, através de uma consulta detalhada, exame físico e exames complementares, poderá lhe oferecer o diagnóstico preciso. Confira:
Desequilíbrio hormonal
O sangramento uterino anormal pode ocorrer também por complicações hormonais. Quando os níveis de estrogênio permanecem elevados, mesmo depois da ovulação, o endométrio, parede interna do útero, que descama durante a menstruação, continua a inchar. Esse fluxo de sangue fora de hora provoca os sangramentos que algumas vezes são confundidos com menstruação, mas não são.
Esse desequilíbrio hormonal pode ser corrigido com um tratamento realizado por um especialista qualificado. É necessário ainda realizar exames para verificar se a disfunção hormonal não provocou o aparecimento de pólipos ou miomas na estrutura do útero. Um quadro de alterações hormonais poderá ter ainda como sintomas o excesso de acne, oleosidade da pele, excesso de pelos e problemas para engravidar.
Coagulopatias
As coagulopatias hereditárias são doenças hemorrágicas causadas por problemas relacionados aos fatores de coagulação. Algumas mulheres possuem dificuldade de cicatrização ou deficiências nutricionais que provocam esse quadro. Neste caso, elas podem apresentar sangramentos de gravidade variável, sendo o sangramento uterino anormal o mais comum deles.
As coagulopatias possuem um quadro clínico mais específico, que dependerá de exames complementares (como sangue e urina) mais detalhados para definir se a mulher realmente possui esta condição. Nesse caso é recomendado um acompanhamento minucioso com um especialista.
Outros fatores
Além das doenças e condições que vimos até aqui, existem fatores diversos que podem causar o sangramento uterino. Um exemplo é a gravidez, que em algumas mulheres, pode iniciar sendo sucedida de sangramentos inesperados.
Vale ressaltar a importância de uma urgente avaliação médica para prevenir complicações mais severas. Outro exemplo são os usos de medicamentos que alteram o funcionamento hormonal ou do sistema reprodutor feminino. Alguns exemplos são alguns tipos de anti-inflamatórios e anticoagulantes. Dispositivos intrauterinos (DIU) também podem causar sangramentos e precisam ser avaliados. O ideal é evitar a automedicação e conversar com seu médico sobre os melhores métodos contraceptivos.
Diagnósticos e exames
Depois que a mulher observa que existe um sangramento anormal recorrente, ela deverá receber atendimento médico especializado. A consulta irá investigar todas as causas possíveis, desde eventuais problemas genéticos, traumas físicos ou condições diagnosticáveis apenas com exames.
No caso de a mulher apresentar um sangramento uterino anormal agudo, ela deverá ir a um pronto socorro e ser estabilizada antes de se procurar a causa do sangramento. Após um exame físico e clínico completo e detalhado, o médico poderá solicitar a realização do ultrassom transvaginal a fim de obter diagnóstico mais preciso e tentar detectar ou excluir causas deste sangramento.
Aqui vale ressaltar que o exame de ultrassom transvaginal é um dos melhores métodos para uma investigação eficiente e um bom diagnóstico sobre as causas do sangramento uterino anormal.Além de ser um exame rápido, eficiente e indolor, o ultrassom transvaginal pode identificar diversos problemas, desde miomas, pólipos, quadros de adenomiose, até eventuais complicações durante a gestação, como descolamento de placenta ou ainda indícios de câncer.
De acordo com o quadro, outros exames podem ser solicitados para colaborar no diagnóstico. Um deles é a ressonância magnética da pelve. O exame permite uma completa a avaliação dos órgãos que se localizam no abdômen inferior.
Como vimos anteriormente, o desequilíbrio hormonal pode ser uma das causas do sangramento uterino. Neste caso poderá ser preciso realizar exames de sangue para determinar os níveis de hormônio feminino e de outros compostos no organismo.
Concluindo
A menstruação intensa deve ser vista como um sinal de alerta. O sangramento uterino anormal é uma doença que requer atenção. Além dos problemas físicos, o sangramento anormal pode causar grandes danos na vida social, psicológica e afetiva da mulher.
Ele pode ainda ser um indicativo de alterações uterinas, como os pólipos, os miomas e até mesmo o câncer. No caso de gestação o sangramento é um reflexo de que pode haver algo muito perigoso acontecendo, como o aborto por exemplo. Desta forma, é hora de tratar o assunto sem tabus e encontrar meios de manter sua saúde sempre em dia.
Como sabemos bem, não existe melhor dádiva que a nossa saúde. E quando o assunto é exames da imagem a HC oferece maquinário moderno, equipe qualificada e a melhor estrutura para você manter seus exames em dia.
Uma boa saúde é feita de atenção e respeito ao seu corpo, consulta com um bom médico e a realização de exames de rotina e de alta precisão. Converse hoje mesmo com seu médico.